domingo, 20 de dezembro de 2015

DEUS NOS FALA

Evangelho de Marcos 12, 38-44

“Ele lhes dizia em sua doutrina: Guardai-vos dos escribas que gostam de andar com roupas compridas, de ser cumprimentados nas praças públicas e de sentar-se nas primeiras cadeiras nas sinagogas e nos primeiros lugares nos banquetes. Eles devoram os bens das viúvas e dão aparência de longas orações. Estes terão um juízo mais rigoroso. Jesus sentou-se defronte do cofre de esmola e observava como o povo deitava dinheiro nele; muitos ricos depositavam grandes quantias. Chegando uma pobre viúva, lançou duas pequenas moedas, no valor de apenas um quadrante. E ele chamou os seus discípulos e disse-lhes: Em verdade vos digo: esta pobre viúva deitou mais do que todos os que lançaram no cofre, porque todos deitaram do que tinham em abundância; esta, porém, pôs, da sua indigência, tudo o que tinha para o seu sustento.”

Nesse evangelho, Jesus educa os seus discípulos dizendo “cuidado com os escribas!”. Isto para dizer: prestem bem atenção como essas pessoas são hipócritas e arrogantes. Quem são os escribas? Eles eram o magistério infalível da época. O escriba era o teólogo oficial, aquele cuja palavra, praticamente, tinha o mesmo peso das Sagradas Escrituras. Parece que o escriba era considerado mais importante do que o sumo sacerdote. Muito bem, Jesus o que faz? Ele dá indicações práticas de como reconhecê-los: “Eles fazem questão de andar com amplas túnicas e de serem cumprimentados nas praças”. Isto é, se diferenciar dos outros e mostrar que a relação especial que tem com Deus os põe acima do povo.

Além do mais, diz Jesus: “gostam dos primeiros assentos na sinagoga”. Só para ter uma ideia, ter os primeiros assentos na sinagoga não é como nós imaginamos, isto é, ter o lugar na frente. Na sinagoga, lateralmente, tinham dois degraus; o primeiro assento era aquele que estava em alto, desse jeito, as pessoas estavam sentadas em baixo. Com isso, o ‘primeiro assento’ significa estar acima dos outros.

Essas pessoas, segundo Jesus, “serão julgadas com mais rigor”. Ainda hoje existem entre nós essas atitudes: tentar fazer uma experiência religiosa através da exterioridade, do aparecer; se aproveitar da Palavra de Deus para ter proveito para si, para sepromover social, política e religiosamente. Jesus não tem dúvida em criticar esses tipos de homens ‘importantes’. Além do mais, eles dão aparência de longas orações, isto é, a oração deles era uma simulação para fortalecer os interesses deles. E Jesus sentado defronte do cofre do Templo observava como o povo oferecia a esmola.

Essa doação era muito importante, porque era destinada para a manutenção do Templo, sustentamento do clero, manutenção do culto e para ajudar os pobres. De fato, os pobres dependiam da caridade da comunidade, da sociedade. E esses pobres eram os órfãos e as viúvas. O Mestre faz notar aos discípulos como uma viúva, muito pobre, deposita poucos centavos; e diz que de fato aquela esmola foi superior a todas as outras, embora quantitativamente, fosse inferior, porque deu tudo o que tinha e, no entanto, os outros deram somente o supérfluo.

Jesus nos ensina como se deve compartilhar a nossa vida para fazer a vontade de Deus. Para os judeus, a esmola era muito importante e considerada uma ação agradável para Deus. Assim sendo, dar a esmola é uma maneira de reconhecer que todos os bens que temos pertencem a Deus e que nós somos simples administradores desses bens. Lembro-me de uma entrevista do senhor Moratti, dono do time da Inter de Milão, que dizia que o seu pai ensinou para eles, os filhos, que tudo aquela fortuna que tinham era como fosse considerada um empréstimo e nada mais, e, portanto, tinham que saber administrar bem e saber compartilhar.

A prática da compartilha e da solidariedade faz parte da vida das nossas comunidades cristãs. Para que este ensino de Jesus se torne mais presente entre nós, temos que imitar aquela viúva pobre que soube compartilhar tudo que tinha. Concluindo, quais as dificuldades e alegrias na sua vida em praticar a caridade com os outros, e sobretudo com quem mais necessita?

Fonte: Claudio Pighin -  Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.

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